Eduardo Atahyde: Quarta revolução industrial alimentada por energias renováveis

Ao longo dos próximos 30 anos, dois terços de todos os novos fornecimentos de energia virão de fontes renováveis, afirmam especialistas reunidos no Fórum Econômico Mundial, de Davos. A próxima transformação de energia exige não apenas mais energias renováveis, mas integração plena e digital aos sistemas.

Para discutir esses assuntos, mais de 2.500 líderes de empresas, governos, organizações internacionais, sociedade civil, academia, mídia e as artes estão participando do 46º Fórum de Davos. O programa compreende mais de 300 sessões, das quais mais de 100  serão webcast ao vivo no www.weforum.org.

As energias renováveis, que agora respondem por mais da metade de todos os novos fornecimentos, são fundamentais para atender as demandas de energia que a quarta revolução Industrial trará, disse Fatih Birol, diretor da Agência Internacional de Energia. Mais de dois terços das instalações provêm de países emergentes, acrescentou. “Para atender a mudança climática e as metas de crescimento, cerca de 40% da oferta de energia no futuro deve vir de tecnologias de emissões zero”.

“Mais energia renovável significa mais investimentos em redes elétricas para gerenciar cargas e demandas”, completa Ignacio Sánchez Galán, presidente da Iberdrola, Espanha. Ao longo dos próximos 25 anos, a procura de energia vai aumentar em mais de 80% a nível mundial, acrescentou. Serão necessários enormes investimentos em tecnologias energéticas, redes elétricas e sistemas de distribuição.

A China vai desempenhar um papel de liderança nessa transformação para a energia renovável, disse Eric Xin Luo, presidente da Shunfeng Internacional de Energia Limpa chinesa. “O país estabeleceu uma meta ambiciosa que 25% de toda a produção de energia seja de fontes renováveis”, disse. Enquanto isso, a China já é um dos principais exportadores de tecnologia de energia limpa – mais de 60% dos painéis solares do mundo são fabricados lá.

Ações globais são, antes, locais. O Fórum discute lá o que acontece aqui, lamentavelmente a Bahia ainda não aprendeu a se “vender”. Em que pese as suas desigualdades sociais, a Bahia já entrou na quarta revolução industrial energética e seria destaque se fosse apresentada em Davos. Com uma capacidade instalada de geração de energia eólica de 1.218 milhões de MegaWatts nos 47 parques eólicos  na Região do Semiárido, já pode atender a um terço do seu consumo total, incluindo residencial, industrial e rural.

No total, a Bahia tem 230 parques eólicos entre instalados, em construção ou em projetos já concluídos, com capacidade de geração de energia de 5,35 milhões de MW até 2019 [a demanda atual de consumo de energia de todo o Nordeste é de 11 milhões de MegaWatts]. Além disso, os 894 novos projetos que serão leiloados pelo Ministério das Minas e Energia no início de 2016 (292 na Bahia) equivalem a três usinas de Itaipu, gerando para o país mais 47,6 milhões de MW de energia disponível no mercado até 2021.

Atenta aos fatos, a Associação Comercial da Bahia, em parceria com o WWI-Worldwatch Institute e o Sebrae, convidou dirigentes da Agência Internacional de Energias Renováveis para palestras em Salvador, em março próximo, incluindo a energia solar, em vultoso crescimento.

Conhecerão o potencial renovável local, inclusive a energia maremotriz da Baía de Todos os Santos que, silenciosamente, quatro vezes por dia, enche e vaza a Sede da Amazônia Azul, mostrando que os fluxos dos debates globais de Davos também passam por aqui. Quem sabe a Bahia anima-se para ir a Davos em 2017 – o inovador Klaus Schwab, fundador e presidente do Fórum Mundial, fomentador da sustentabilidade de resultados, vai celebrar.

Eduardo Athayde é diretor da Associação Comercial da Bahia e do WWI-Worldwatch Institute no Brasil. eduathayde@gmail.com

Fonte: Correio 24 Horas, Globo

Um comentário sobre “Eduardo Atahyde: Quarta revolução industrial alimentada por energias renováveis

  1. Apesar de paulistano, nos três meses que morei em Salvador aprendi a admirar o povo baiano, sua cultura e acredito que chegou o momento do estado baiano realmente mostrar que o Brasil é muito mais que o Sul e o Sudeste. O futuro está nas energias renováveis e o Nordeste é uma verdadeira usina de vento, sem falar do potencial fotovoltaico. Parabéns pela iniciativa da Associação Comercial da Bahia na pessoa do Sr.Eduardo Atahyde.

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